sexta-feira, 11 de setembro de 2015



JOAN MIRÓ EM FLORIANÓPOLIS

Nem nos meus mais remotos sonhos de criança eu ousei imaginar fatos extraordinários acontecendo nesta pequena ilha no sul da América Latina, num país de dimensões continentais, onde no mapa esta minha terra tão linda e singela é uma minúscula referência. Cidade provinciana, onde no passado quase todos se conheciam, minha infância foi permeada de liberdade, costumes simples e alegrias ingênuas e frugais. E vai que de repente ninguém menos que Paul McCartney resolve pintar por aqui! E ali... no campo da Ressacada! Meu coração disparou de êxtase ao som das músicas e do ídolo que acompanhou a minha vida como principal trilha sonora da minha transformação de menina em mulher. Ali, tão perto de um Beatle eu chorei, sentindo-me abençoada, Talvez se vivenciasse esta mesma experiência em um outro país, uma outra cidade, a emoção não seria tão avassaladora, tão intensa, tão única. Agora, para superar qualquer outro sonho chega ele: Miró! Desde adolescente, quando conheci a obra deste artista incrível, me apaixonei no ato pelos seus traços, suas cores vibrantes, sua linguagem original e versatilidade prodigiosa. Neste momento tão emblemático para Florianópolis e para o Brasil, posto a seguir fotos de um painel escultórico que criei para a minha primeira Exposição Individual, no Espaço das Oficinas, Centro Integrado de Cultura em 2001. A mostra chamou-se TANGENTES e o trabalho TRÍPTICO PARA UM OLHAR - NO TEU OLHAR ACHEI O MEU.

SOBRE O TRÍPTICO
  O painel/instalação  é composto por placas/módulos executados em cerâmica com pinturas em engobe e intervenção de espelho.  A queima é de 980º.
  As duas pequenas placas de cerâmica com pintura em engobe fazem uma releitura dos olhos nas obras do pintor espanhol Joan Miró e levam em sua parte inferior pequenas bolinhas em relevo que reproduz na escrita em Braille a seguinte frase em português:  NO TEU OLHAR - ACHEI O MEU. 
  A obra faz uma reflexão, através de seu múltiplo universo de interpretações, sobre a essência e poética do “ver”. O espaço escultórico conta com o plano da parede como elemento de intermediação entre os volumes para qual o olhar se projeta e se descobre.   
   Todos estes olhares associam-se e complementam-se numa poética comum, num trabalho único. A obra é um questionamento entre o real e o imaginário numa alusão a todos os “olhares do mundo”, onde cada expectador encontra sua leitura particular, descortinando seus próprios sentidos e sentimentos. No olhar da artista encontre o seu próprio olhar.


Tríptico Para Um Olhar


 Detalhe dos olhos em massas coloridas. Para cada olho, uma massa de cor diferente. Referência aos múltiplos olhares mas também a individualidade de cada um.


Tributo a Miró


Referências aos olhos de pinturas de Miró.


Detalhe da escrita em Braille! Na primeira está escrito NO TEU OLHAR e na segunda ACHEI O MEU.


 Olhos e fundo de espelho.


Detalhe aproximado.


Calçadas para deficientes visuais.


Aqui, há três anos atrá, visita fundamental: FUNDAÇÃO JOAN MIRÓ - Barcelona.